Blog – Matheus Ballestero

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Os efeitos da pandemia na saúde neurológica das crianças

A pandemia de COVID-19 afetou a vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo, alterando rotinas, atividades sociais e a saúde física e mental de muitos. Um grupo que merece atenção especial é o das crianças. Além dos efeitos diretos do vírus, a nova rotina e as mudanças no cotidiano impactaram diretamente na saúde neurológica dos pequenos. 

Uma breve visão geral da situação

A pandemia trouxe consigo não apenas uma doença física, mas também uma onda de consequências neurológicas. O isolamento, o distanciamento social, o ensino à distância e a ansiedade geral da situação foram apenas alguns dos fatores que influenciaram o bem-estar neurológico de nossos jovens.

O impacto direto do vírus

1- Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças (SIM-C)

Algumas crianças infectadas com COVID-19 desenvolveram essa condição grave, que pode afetar o cérebro e outros órgãos. Isso pode levar a complicações a longo prazo, necessitando de acompanhamento médico contínuo. Estudos estão em andamento para compreender melhor essa síndrome e suas implicações a longo prazo.

2- Complicações neurológicas

Em casos raros, a infecção pode levar a complicações como encefalite, doenças do sistema nervoso e síndromes neurológicas. O tratamento dessas condições pode ser complexo, exigindo uma abordagem multidisciplinar e atenção especializada.

Efeitos colaterais do isolamento e do distanciamento

1-Desenvolvimento cognitivo

O ensino à distância e a falta de interação social regular podem impactar o desenvolvimento cognitivo, especialmente em crianças mais jovens. A ausência de aprendizado prático, de atividades em grupo e a limitação das experiências sociais são fatores que podem restringir o crescimento cognitivo e emocional das crianças. A longo prazo, essas limitações podem influenciar habilidades como resolução de problemas e socialização.

2- Saúde mental

A ansiedade, o estresse e a depressão aumentaram em muitas crianças devido ao isolamento e à mudança na rotina. O medo do desconhecido, a falta de contato com amigos e a possibilidade de perdas familiares devido à pandemia podem agravar quadros de ansiedade. Além disso, a falta de atividades ao ar livre e rotinas regulares pode intensificar sentimentos de confinamento e solidão, impactando o bem-estar psicológico das crianças.

3- Perturbações do sono

A alteração nas rotinas, combinada com a ansiedade, levou muitas crianças a enfrentarem problemas de sono, desde insônia até pesadelos frequentes. A exposição excessiva a telas, seja por ensino à distância ou lazer, também pode afetar os padrões de sono. Estas perturbações podem, por sua vez, resultar em cansaço durante o dia, irritabilidade e dificuldade de concentração.

A importância da detecção precoce dos efeitos da pandemia

Reconhecer os primeiros sinais de problemas neurológicos em crianças é essencial. Mudanças de comportamento, dificuldade de concentração, irritabilidade ou qualquer sinal atípico devem ser motivo para procurar ajuda médica. Com a constante adaptação à nova realidade imposta pela pandemia, as crianças podem não sempre verbalizar suas preocupações ou desconfortos. Pode haver uma inclinação para retraimento social, alterações no apetite ou mesmo regressões em habilidades previamente adquiridas, como no treinamento de ir ao banheiro. Muitas vezes, sintomas físicos, como dores de cabeça ou problemas estomacais, podem ser manifestações de estresse ou ansiedade. Portanto, é crucial os cuidadores estarem atentos a esses sinais e buscar intervenção adequada o quanto antes para garantir o bem-estar das crianças.

Conclusão

A pandemia de COVID-19 impactou profundamente a saúde neurológica das crianças em diversos níveis. Enquanto continuamos a navegar por este período desafiador, é crucial manter a atenção à saúde mental e neurológica de nossos jovens. O apoio, a compreensão e a intervenção precoce podem ajudar a mitigar os efeitos adversos desta situação sem precedentes em suas vidas.

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